Vasco Martins Violão

O violão foi o meu segundo instrumento, depois do piano. Tinha mais ou menos 15 anos quando comecei a ‘arranhar’ uma requinta do meu pai, contruída pelo luthier Baptista.

N essa época, a movimentação do rock e fusion foi prodigiosa e Mindelo beneficiava dos acordos com a BBC que enviavam LP’s e fitas dos grandes guitarristas, hoje em dia endeusados. Isso sem contar com os amigos emigrantes que traziam novidades, e das audições entre amigos e melómanos. Fomos inspirados e influenciados por esta lufada de ar vivificante.

O violão, depois de algumas incursões na guitarra elétrica (Kuelah Tabanka, Kola) , foi sempre o companheiro da minha viagem como compositor e músico. Gosto de tocar sob as estrelas e constelações com o meu Granados, ao qual dei o simples nome de ‘Violão’.

Uma guitarra de doze cordas auxiliou-me a ganhar alguns tostões, quando tocava com o Bilocas em Lisboa em bares e restaurantes, isso na altura em que estudava com o compositor Fernando Lopes Graça.

Em Paris compus algumas peças para guitarra clássica. Mas foi quando regressei definitivamente à ilha em 1984, que comecei a dedicar-me mais a este instrumento, e adquiri o primeira Granados, em 1985 em Lisboa.

Para compreender e saber melhor as técnicas do violão clássico, comecei a estudar alguns compositores: Carulli, Bach, Tarregas, Leo Brower, Villa-Lobos, entre outros. Isso porque comecei a compor peças para guitarra clássica. É um instrumento difícil e complexo. Um compositor tem que saber pelo menos o básico e os segredos deste instrumento.

Em 1986 o Voginha e eu gravamos Vivências ao Sol, na RVSV.

No álbum Oceano Imenso inclui o tema ‘Ess mar na coraçon’, e no álbum Quiet Moments, gravei o tema ‘Gesto Flutuante’ com o Djini Ribeiro na percussão, mas com uma Ovation que o Pinúria me tinha comprado em NY.

Em 1988, com parte da remuneração da música que compus para o filme ‘Recado das Ilhas’ do cineasta angolano Ruy Duarte de Carvalho, adquiri um novo Granados, violão que, com o tempo, foi adquirindo um timbre cristalino. Creio que isso se deve à ‘temperatura’ da ilha, à Lua e ao mar, ao vento, ao Sol. Nunca quis mudar o polimento, nem remediar o braço. Quando caiu de uma mesa e parte do tampo partiu, o senhor Baptista remediou-o. Ainda tem o arranjo deste famoso luthier. Foi com ele que gravei com Voginha em Paris, o álbum ‘Dôs’.

O Bau gravou dois álbuns com este violão, que ele adora. É ele que, generosamente faz de vez enquanto a sua manutenção. O meu filho, Vamar Martins, também o usou no seu recente álbum, Inkrustod. E com ele também gravei ‘Benlibem’ e o álbum ‘Outras Índias, um duo com o saxofonista português Carlos Martins. Enfim, boas e belas viagens tem tido este…Violão! (andante cantabile).

Embora tocasse guitarra elétrica pontualmente, sobretudo no Piano Bar do Chico Serra, em 1998 retornei à guitarra elétrica com mais enfase , efetuando concertos em trio, com os músicos Tchê Sousa, baixo, e Micau Chantre na bateria. Foi uma espécie de intermezzo, mas foi um ano pleno de viagens, aventuras e alegria. Em 2001 gravei o álbum duplo ‘Lunario Perpetuo’, cujo segundo CD é um tema de 43 minutos para guitarra elétrica a solo, gravado em ‘real time’, com atmosferas oníricas e tapeçarias de sons psicadélicos, tendo a Lua como inspiração.

‘Li Sin’ saiu em 2010, violão e quarteto de cordas ‘ArtZen’

Em 2023 saiu uma edição limitada em CD de ‘Violão’, com temas inéditos gravados ao longo dos anos em diferentes estúdios, e temas dos álbuns Li Sin e Quiet Moments.

Peças para guitarra clássica

5 Prelúdios / Amornando / Deserto Subtil / Fantasia singular

Estudo/ Gesto Flutuante / Gharb al-andalus 1 / Gharb al-andalus 2

2 Haikus / Numa varanda / Valsa tranquila / Sattva

Situações Triangulares / Romântico / Violão 3/8 / Molto continuum

Anamnésis, concerto para guitarra clássica e orquestra de cordas

Informações / Concert booking : vascomartinsmusica@gmail.com